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Trabalho contínuo pela sustentabilidade no campus Petrópolis

Publicado: Quinta, 13 de Junho de 2019, 20h16 | Última atualização em Quinta, 13 de Junho de 2019, 20h16 | Acessos: 1363

Promover práticas sustentáveis, incentivar a educação ambiental, encorajar a redução, o reaproveitamento e a reciclagem de resíduos e conscientizar sobre a importância da sustentabilidade são alguns dos objetivos do projeto de extensão “Cefet sustentável: ações da Comissão de Coleta Seletiva Solidária (CCSS) do campus Petrópolis”. Formado por nove servidores voluntários, entre docentes e técnico-administrativos, e uma aluna bolsista, o projeto vem atuando junto ao público interno e desenvolvendo também atividades para além da instituição, aproximando o campus da comunidade petropolitana.

 

Jardim vertical do projeto: as garrafas PET usadas têm um sistema que impede o acúmulo de água parada

 

Tudo começou em 24 de outubro de 2016, quando a CCSS do Cefet/RJ campus Petrópolis foi oficialmente criada para desenvolver ações recomendadas no Decreto Federal nº 5.940/2006, que prevê, no âmbito dos órgãos federais, a implantação e supervisão da separação dos materiais recicláveis, a verificação do destino final para as cooperativas, a geração de relatórios com uma avaliação de todo o processo, dentre outras atividades. Acreditando que não somente o destino final dos materiais é relevante, mas também todo o processo educativo de construção de valores – desde “o que” e o “por que” consumimos, como utilizamos, descartamos, reutilizamos –, a CCSS dá ênfase também à promoção da educação ambiental por meio de seu projeto de extensão. Seu foco vai desde o uso adequado dos recursos materiais (incluindo hídricos e elétricos) até o trabalho de conscientização da comunidade.

“O projeto vem com a importância dessa conscientização tanto dos alunos quanto da comunidade para o reúso de materiais e para a conscientização do uso. Percebemos, hoje em dia, que estamos usando cada vez mais o que poderíamos deixar de utilizar. Então, quando a gente tem essa conscientização de reúso, é mais nesse sentido, de que as pessoas vejam o quanto elas poderiam melhorar para a sociedade”, destacou a professora Alexandra Rocha, coordenadora do projeto.

Dentre as ações frequentes do projeto, estão o monitoramento e a análise do lixo produzido no campus, e a sua correta separação; a ampliação e a manutenção do jardim vertical; a confecção e a manutenção dos kits coletores a partir do reaproveitamento de materiais; o reúso do isopor, que é transformado em móveis, e a realização de palestras de conscientização. Anualmente, a CCSS realiza uma reunião com os pais dos estudantes do ensino médio integrado e palestras semestrais com os alunos ingressantes, tanto do médio quanto da graduação, sobre o correto descarte dos resíduos. Ações pontuais também são desenvolvidas ao longo do ano, como as visitas da Comissão a locais de reciclagem e a realização de eventos, como a “Oficina de reaproveitamento: era uma vez uma garrafa PET” e a “Feira do Desapego”, realizadas na Semana do Meio Ambiente.

 

Mesa de trabalho construída com pedaços de isopor e portas reaproveitadas

 

A co-coordenadora do projeto, Luciana Castro, ressaltou a importância da continuidade das ações da CCSS e do Cefet Sustentável, iniciadas com base nas normas do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). “A manutenção da ideia inicial é fundamental para que as pessoas consigam se identificar com as questões da coleta seletiva e levar para sua vida pessoal e social, reforçando o aprendizado e a credibilidade nas ações realizadas”, enfatizou Luciana.

Contando com uma equipe multidisciplinar – com atuação em áreas como administração, biblioteconomia, arquivologia e pedagogia –, as ações do projeto são divididas conforme a formação de cada membro da CCSS, que, em 2019, é composta por Alexandra Rocha, Suzana Campos, Luciana de Souza Castro, Priscila Alcântara, Laice Scotelano, Jonatan Rocha, Leonardo Santos, Thiago Esteves e Márcia Almeida.

 

Separação correta do lixo: um desafio

 

Coletores, divididos conforme o material, estão presentes em todo o campus

 

A estudante do 6º período de Turismo Stephanie Loureiro é bolsista do projeto de extensão desde o início de 2019 e tem percebido o desafio que é conscientizar as pessoas sobre a correta seleção do lixo reciclável e não reciclável.  “Ainda existe um trabalho muito grande a respeito da conscientização. A gente tem visto muito lixo no lugar errado, o pessoal jogando lixo em qualquer lugar da universidade. Então as pessoas têm que entender que o campus é a casa delas e que elas precisam ter cuidado. Não é só com o meio ambiente ali de fora, mas com o nosso ambiente aqui, porque começa daqui para ir para lá”, enfatizou.

Já a administradora Laice Scotelano faz parte da CCSS desde o início e ressaltou a importância do trabalho contínuo da Comissão. Ela afirmou que a análise e o monitoramento do lixo e dos kits coletores mostraram que o início de cada semestre é o período de pico nos erros de separação de materiais. Ao longo do período, com o trabalho de conscientização com os alunos, os erros diminuem. “Esse trabalho é interessante para a gente ver quais são os maiores erros que acontecem. Então detectamos isso. Vimos que as pessoas confundem. Por exemplo, a embalagem Tetra Pak, elas acham que é de plástico. Na verdade, a gente considera papel. São erros de dúvidas, então a gente vai trabalhando isso nos seminários, nas salas, na abordagem direta”, destacou.

Laice também mencionou como a questão da sustentabilidade ainda é recente na cultura brasileira e que, por isso, se faz ainda mais necessário trabalhar a educação ambiental e a conscientização sobre reciclagem e reaproveitamento. “Isso antigamente não era falado. Então, é estranho para nós hoje fazer a seleção dos materiais. A gente tem que se forçar a fazer porque não fomos educados nesse processo”. A administradora ainda fez um alerta sobre a falta de atenção das pessoas às questões ambientais: “já estamos começando a ver as coisas pipocarem no mundo e se a gente não se conscientizar em relação a consumo... Porque se fala muito de separação de materiais, mas é preciso ir lá na causa raiz, que é o consumo”.

 

Feira do Desapego: repensando o consumo

 

Itens expostos durante a III Feira do Desapego, realizada na Semana do Meio Ambiente, em 2019

 

Recolher doações e colocar os itens para a livre escolha do público pode parecer uma simples exposição ou uma troca de roupas e objetos usados. Na verdade, é uma ação de conscientização sobre o consumo. Considerada o maior evento do projeto Cefet Sustentável, a Feira do Desapego já realizou três edições no saguão principal do campus Petrópolis. A última aconteceu na semana de 3 a 7 de junho.

“A Feira do Desapego trabalha com a questão do consumo. Faz você repensar. E a gente tem que mostrar isso para as pessoas, porque a coisa está ficando insustentável”, declarou Laice. A bolsista Stephanie disse que compreendeu melhor o objetivo da Feira ao participar do projeto: “quando eu vi a Feira do Desapego, eu entendi que não é uma questão de você doar. É uma questão ambiental, de reaproveitar”.

Com grande participação do público externo, além da comunidade interna, a Feira recolheu a maior parte das doações durante o evento. Montada inicialmente com 300 itens, ela chegou a mais de mil doações, entre peças de vestuário, eletrodomésticos, eletrônicos, livros e utensílios de casa. Alexandra Rocha ainda ressaltou que as pessoas acreditam ser uma troca, quando, na realidade, não é necessário doar para pegar algo. “Várias pessoas chegam aqui e até mesmo falam ‘mas eu tenho que deixar alguma coisa?’. Aí a gente diz que ela pode pegar o que ela quiser. Não tem necessidade de deixar nada. ‘Ué, mas eu não vou ter que pagar?’, questionam. Não. É isso mesmo. A nossa intenção aqui é que a gente possa rever o uso. Se não tem utilidade para mim, pode ter utilidade para você”, destacou.

O sucesso da Feira tem atraído mais público a cada ano. “As pessoas vêm à Feira e já perguntam quando vai ter outra. Elas têm uma visão de que o evento é importante, é funcional. A gente não sabe se é uma questão pessoal ou ambiental, mas percebemos que está tendo bons resultados e que pode provocar uma mudança nas práticas de consumo”, comentou Luciana. “O projeto entende que um dos principais motivos do que está acontecendo hoje é a banalização do consumo. E esta é a nossa proposta, trabalhar para um consumo mais consciente”, finalizou.

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