Projeto do campus Petrópolis levanta o perfil do setor hoteleiro da cidade
Desde 2018, as professoras do Cefet/RJ campus Petrópolis Lélian Silveira e Luciana de Mesquita Silva desenvolvem um projeto de extensão que busca investigar o perfil do setor hoteleiro da cidade imperial. Destino muito procurado por turistas na Região Serrana do Rio de Janeiro, sobretudo no inverno e em períodos festivos, como na Bauernfest, Petrópolis tem no turismo um dos principais setores de sua economia. Buscando estreitar laços entre a instituição de ensino e o mercado de trabalho local, a iniciativa aposta na interdisciplinaridade ao conectar as turmas de Meios de Hospedagem, Estágio Supervisionado e Língua Inglesa do curso de bacharelado em Turismo, propiciando a produção do conhecimento teórico em conjunto com as práticas profissionais.
Intitulado “Mapeamento do setor hoteleiro, estágio supervisionado e aplicação da língua inglesa na cidade de Petrópolis”, o projeto já realizou duas etapas de pesquisa, que teve como foco o Centro Histórico: a primeira, realizada no segundo semestre de 2018, fez um levantamento on-line dos hotéis e aplicou um questionário com recepcionistas de 18 estabelecimentos; a segunda parte, concluída em maio de 2019, contou com um questionário mais detalhado, também voltado aos recepcionistas de 19 hotéis do centro e do Ibis Budget, localizado no Bingen. A partir de uma abordagem qualitativa, o projeto pretendeu identificar a tipologia do empreendimento hoteleiro, o perfil dos hóspedes e, principalmente, a necessidade de qualificação profissional do setor.
Os resultados do estudo apontaram para a gestão familiar de pequeno porte como característica principal do setor em Petrópolis. Além disso, constatou-se um déficit na profissionalização dos funcionários. “O setor emprega muitos profissionais de outras áreas que acabam caindo de paraquedas na hotelaria da cidade”, afirmou a professora Lélian. De acordo com dados da pesquisa, 60% dos recepcionistas não atuaram no setor antes do emprego atual.
Em relação ao perfil dos hóspedes, a pesquisa indicou que mais de 60% dos turistas têm entre 26 e 50 anos e que a motivação da viagem é, sobretudo, por lazer e cultura (63,33%), seguida por trabalho (26,67%). Sobre os hóspedes estrangeiros, a maior parte é formada por estadunidenses (43,48%), seguidos dos argentinos (21,74%). Embora recebam turistas estrangeiros, mesmo que em menor proporção, em 60% dos hotéis a língua inglesa não era percebida como uma necessidade. Entretanto, de acordo com o relatório de 2019 do projeto, “é possível observar que muitos hotéis do centro precisam de um auxílio especialmente em relação à qualificação dos funcionários e ao desenvolvimento do inglês”.
Ações atuais e futuras do projeto
Mapeando a necessidade de qualificação profissional do setor, o projeto está desenvolvendo eventos e ações de treinamento, com o objetivo de atender os alunos do curso de Turismo, assim como profissionais da área. No primeiro semestre do ano, três eventos já foram realizados: o guiamento em inglês, no qual 16 discentes das disciplinas de Língua Inglesa e Meios de Hospedagem apresentaram o campus Petrópolis e alguns hotéis históricos para alunos do curso Come Together; o Workshop de Hotelaria Hospitalar, que abordou a aplicação dos serviços hoteleiros no ambiente hospitalar, com objetivo de proporcionar maior conforto e qualidade a pacientes e acompanhantes; e, ainda, a campanha para a arrecadação de amenities (produtos de higiene fornecidos para o conforto dos hóspedes) para doação a entidades beneficentes de assistência social da cidade.
Para o segundo semestre do ano, os planos são: realizar uma mesa-redonda com alunos egressos sobre a experiência no mercado de trabalho; apresentar a pesquisa acadêmica durante a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex), em outubro; oferecer mais uma vez o Workshop de Hotelaria Hospitalar, aberto ao público em geral; conduzir outros guiamentos com destaque para a prática do inglês; e ofertar um treinamento voltado aos funcionários do setor hoteleiro e alunos.
Unindo a teoria de sala de aula e a prática em campo, o projeto também busca fazer a captação de estágios supervisionados em diversas áreas de aplicação do conhecimento recebido durante o curso e, assim, ampliar as perspectivas profissionais dos estudantes. Segundo a professora Lélian, todo trabalho desenvolvido nas disciplinas e na pesquisa do projeto é essencial para a formação discente, assim como para o aperfeiçoamento do setor hoteleiro. “Através do projeto, o aluno faz uma ponte para o mercado de trabalho. Em relação ao mercado hoteleiro, podemos oferecer um profissional mais qualificado ou até mesmo contribuir no aperfeiçoamento do funcionário através de treinamentos”, destacou.
A estudante do 6º período de Turismo Pethlyn Bueno, bolsista do projeto desde abril de 2019, enfatizou a importância de fazer parte da iniciativa e de poder ver de perto a realidade do setor hoteleiro em Petrópolis para a sua formação acadêmica. “O tanto de coisa que eu vi na prática nesse pouco tempo é impressionante. Quando eu vou a campo, noto tantas singularidades com as quais eu não teria contato e vejo um leque de oportunidades, problemas e soluções que abre a minha mente. Cada disciplina da graduação se torna um fragmento que eu coloco em prática indo a campo”, ressaltou.
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